O multiartista Juão Nyn potiguar, migrante nordestino em São Paulo, lança Tybyra – Uma tragédya yndygena brasyleyra”. Editada pelo Selo do Burro, a obra ficcional trata do primeiro indígena condenado por homofobia durante a colonização no país. Por meio da dramaturgia que valoriza com a versão do protagonista TYBYRA e sua brutal execução no ano de 1614, em São Luís, no Maranhão.
Com bastante vivência teatral, para escrever a obra, o autor fez uma vasta pesquisa e se baseia em documento histórico do frade capuchinho Yves D’Évreux em seu diário “Viagem ao Norte do Brasil feita nos anos de 1613 e 1614″. O livro é dividido em cinco atos nomeados Luz, os diálogos possuem a linguagem dos povos originários brasileiros e a violência que foram submetidos. Juão Nyn, que há muitos anos atua na defesa, preservação e recuperação indígena, permite o leitor acessar o mundo dos personagens do passado e suas marcas no presente.
“A escolha de representar, ficcionalizar, recontar esse dado histórico é para assim refletirmos coletivamente a rejeição infundada da diversidade dos corpos, sexualidades e gêneros. A grande jogada da dramaturgia é mostrar o lado de TYBYRA, a versão e a voz dos que nunca são registrados.”, afirma Juão Nyn.
Lynguagem protesto
O autor apresenta o “Potyguês”: Um manyfesto lyteráryo e que se aproprya do alfabeto grego latyno para fazer uma demarcação Yndýgena Potyguara no Português. Ydyoma este, que veyo nas caravelas de Portugal, assym como o Espanhol da Espanha e o Ynglês da Ynglaterra, Ou seja que não são, obvyamente, oryundos daquy Brasyl ou Amérycas.
” Em toda estétyca da obra, quando TYBYRA abre a boca todos os “i”s somem e são substytuýdos por Y. Exceto nomes própryos, respeytando autodeclarações e palavras em Lýngua Natyva. A mayor Pauta dos Movymentos Yndýgenas do mundo é a Demarcação de Terras. Uma Pendêncya que nos prende à 1.500, por ysso não exyste o Pós-Colonyal. É possývel demarcar terrytóryos fýsycos sem Demarcar Ymagynáryos ? A mente é um terrytóryo. O YMAGYNÁRYO é terra.”, expõe Juão Nyn.