O poliamor não é novidade e vem levantando cada vez mais discussões atualmente. A série “Elite” da Netflix,
vem causando nas redes sociais ao retratar um trisal gay no trailer de sua 4ª temporada, com cenas quentes e
muitos beijos, levando muita gente a se questionar a existência desse tipo de relação. É o caso de Anderson e Alexandre, que são casados há 8 anos, e conheceram o Lucas através de um aplicativo de relacionamento no início de janeiro e se apaixonaram no primeiro encontro, dando início a um relacionamento a três. “No começo nós queríamos apenas um amigo, alguém para compartilhar de bons momentos, tanto que sexo nunca foi parte da
conversa, mas com Lucas algo aconteceu que despertou em nós três um amor que não tínhamos imaginado ser possível”, conta Alexandre.
Anderson diz que a base para a relação estar dando certo são as constantes conversas entre eles. “A gente sempre debate e alinha os assuntos para que seja prazeroso para os três. Se algum comportamento ou atitude incomoda algum de nós, isso é levado em conta para entrarmos em um consenso e corrigi-lo”.
O poliamor para a Justiça Brasileira
Em 2018 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu que os cartórios brasileiros não poderiam mais registrar uniões poliafetivas formadas por três ou mais pessoas, uma vez que o documento atesta um ato de fé pública, implicando no reconhecimento de direitos garantidos a casais ligados por casamento ou união estável, como é o caso de herança ou previdenciários. Apesar da proibição da união estável, a presidente do CNJ e do STF a época, ministra Cármen Lúcia, fez uma ressalva, deixando evidente que a decisão se limita apenas ao âmbito jurídico.
“O desempenho das serventias (cartórios) está sujeito à fiscalização e ao controle da Corregedoria Nacional de Justiça. Por isso exatamente que o pedido foi assim formulado. Não é atribuição do CNJ tratar da relação entre as pessoas, mas do dever e do poder dos cartórios de lavrar escrituras. Não temos nada com a vida de ninguém. A liberdade de conviver não está sob a competência do CNJ. Todos somos livres, de acordo com a constituição”.
Apesar de ser sua primeira relação poliamorosa e do impedimento do reconhecimento de sua união legalmente, Lucas afirma que não a encara com medo ou preocupação. “Muitos me perguntam se me sinto usado ou inseguro por estar vivendo no meio de um relacionamento estabelecido há 8 anos, mas minha resposta é não. Alexandre e Anderson fazem com que eu me sinta incluído em tudo que é conversado e decidido para a gente. Apenas espero que nosso caso possa ser exemplo para mudar esta proibição para que a Justiça nos garanta os mesmos
direitos como qualquer casal que se uniu pelo amor”.
O sucesso no TikTok
Autointitulados “Namoro de Trisal” (@namorodetrisal) nas redes, a trupe já conta com mais de 100 mil seguidores no TikTok e usa dessa plataforma para contar de forma descontraída um pouco de seu relacionamento a três e tirar dúvidas nas lives diárias que promovem. Os vídeos em sua maioria retratam situações que muito se parecem com as enfrentadas por qualquer casal tradicional, falando um pouco do deleite e dos problemas que o casamento possui. “Nosso objetivo é dessexualizar a ideia que as pessoas possuem do poliamor e conseguir mostrar que somos muito mais do que fazemos entre quatro paredes. Nós nos amamos muito além do sexo” conclui Alexandre. “É muito bacana ver a aceitação do público que nos acompanha e o interesse deles em
também formarem trisais. Acredito que o tabu e o ciúme em excesso ainda são barreiras que impedem que mais relações poliamorosas se formem” completa Anderson.