“Essa é a primeira organização trans de teias para memória no Brasil, o país que mais apaga essas existências e suas histórias do mundo, uma iniciativa que visa lutar contra injustiças epistêmicas, financeiras e sociais”. Com esta declaração de seu criador, o Museu Trangênero de História e Arte – MUTHA ganha seu primeiro portal para a transformação: o website www.mutha.com.br e primeira exposição virtual.
O MUTHA foi criado e é produzido pelo pesquisador, artista e autor trans Ian Habib, e é um espaço nacional e virtual pensado como uma obra artística e como uma série de tecnologias transformacionais de construção de arquivos para memória e empregabilidade cultural trans brasileira.
A primeira exposição terá dois temas: Transespécie, que elabora fissuras em conceitos de espécie e de gênero, propondo criação de novos seres e mundos; e Transjardinagem, que utiliza a imagem da produção de jardins sobre paisagens em ruína como método na exploração de arquivos vivos para memória de existências que sempre viveram segundo catástrofes pandêmicas.
Serão visibilizados trabalhos artísticos de mais de 56 pessoas trans entre nomes como Dodi Leal, Efe Godoy, Guilhermina Augusti, Hilda de Paulo, Cristina Judar e Lino Arruda. São 25 pessoas corpo e gênero diversas da Bahia. Além delas, a exposição visibiliza outras 23 pessoas convidadas, de corpo e gênero diversas de todo o país. Em adição, o projeto curatorial contemplou 15 artistas em um processo de seleção, partindo de um incentivo às inscrições no nosso Arquivo Artístico de Dados. Finalizando, mais 6 artistas compõem uma seção denominada Conexões Globais, destinada a pessoas de outros países vivendo no Brasil e pessoas do Brasil vivendo em outros países.
Essa é: ela engloba todas as cinco regiões brasileiras e também conexões com mais seis países em quatro continentes; abarca zonas litorâneas, urbanas e rurais; valoriza a produção de vivências negras, amazônidas, indígenas, imigrantes, emigrantes, com deficiência e em diversas faixas etárias e classes sociais; leva em consideração todos os aspectos de precarização que permeiam os modos de criação dessas existências; abrange todas as identidades de gênero não-cisgêneras; alcança todas as linguagens artísticas: artes cênicas, dança, audiovisual, artes visuais, beleza, moda, literatura, artesanato, body art, dentre outras.
A exposição objetiva fortalecer redes de empregabilidade cultural, visibilidade e mútua colaboração; alargar o mercado de trabalho para a população trans, com formação de ferramentas difusoras de criações, composição de publicações, venda de obras artísticas e organização de redes para produção e resgate histórico; formar arquivos trans para memória, que ainda não existem no Brasil. A colaboração de toda a comunidade é extremamente importante, já que uma iniciativa como essa – de formação de arquivo e de empregabilidade – somente conseguirá se manter a longo prazo, a partir da formação de redes de apoio e fomento institucional consistentes e constantes.
O MUTHA foi aberto em 2020, a partir do Sarau MUTHA, apoiado pelo Memorial Minas Vale, já participou de uma atividade no SESC ETA SP e atualmente conta com o apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal. Como evento de abertura do website, o MUTHA propõe sua primeira exposição artística, que ocorrerá na Galeria Virtual MUTHA, um local criado para exposição permanente de pessoas trans. Além da Galeria, que venderá obras de arte trans, o website é integrado pelo Arquivo MUTHA – composto do Arquivo Histórico MUTHA e do Arquivo Artístico de Dados MUTHA.