As dificuldades da população trans no ensino e no mercado de trabalho e como as empresas podem se posicionar

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Há mais de 15 anos janeiro foi escolhido como o mês da Visibilidade Trans, no entanto, o Brasil não avançou na proteção e na inserção dessa população no sistema educacional e no mercado de trabalho, como aponta nota publicada pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA). Segundo a Associação, 70% da população trans não consegue concluir o ensino médio e somente 0,2% está matriculada na universidade. Preconceito, violência e falta de rede de apoio são alguns dos fatores que levam jovens e adultos a abandonarem os estudos.

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Julia Piccolomini (líder de pessoas e especialista em diversidade e inclusão) – Reprodução

Giovana Pereti é mulher trans, mãe de pet, artista e arquiteta. Ela faz parte do pequeno número de pessoas que conseguiu finalizar os estudos, mas conta que durante toda sua vida escolar sofreu violências físicas, morais e emocionais por parte de colegas, chegando a pensar em desistir do colégio. Ao ingressar no Ensino Superior, mais uma vez, encontrou discriminações e barreiras, a levando a trancar o curso por um tempo.

“Quando passei na faculdade, eu fiquei muito feliz, mas também estava muito cansada. O período escolar foi um esgotamento emocional tão grande que eu não gostava do ambiente acadêmico. Eu também estava com muito medo de entrar na faculdade, devido a todo o histórico de violência na escola, e porque eu já estava no meio do processo de transição. Eu decidi ingressar e, bom, eu tinha que conversar com todos os professores e explicar a minha situação, pois na lista de chamada constava o meu nome de batismo. Eu cheguei a marcar uma reunião com o reitor da instituição e com o secretário geral, expliquei a minha história e pedi a possibilidade de tirarem o meu nome e deixarem apenas o meu número de matrícula, mas o pedido foi negado”, relata Giovana.

Toda a fragilidade do sistema de ensino vivida por Giovana é refletida na vida profissional de muitas pessoas trans, onde a inserção no mercado de trabalho se torna ainda mais difícil. De acordo com dossiê publicado pelo ANTRA em 2020, 94% das pessoas trans entrevistadas acreditam que o mercado formal de trabalho não está realmente aberto e comprometido com a contratação deles. “Há que se ter atenção a essa informação. Muitas vezes, a falta de preparação é utilizada como uma desculpa pelas empresas, que postergam a contratação de pessoas trans por alegarem que não estão preparadas para recebê-las e acolhê-las”, informa o documento.

Mas as empresas precisam ou não estarem preparadas para começar com essas mudanças? A líder de pessoas na agência Freakout e especialista em diversidade e inclusão, Julia Piccolomini, aponta que não, desde que entender e respeitar as pessoas seja um valor praticado.

“As empresas precisam ser humanizadas e conscientes de que cada pessoa deve ser respeitada e tratada como ela realmente é. É possível e necessário recrutar pessoas trans e travestis dentro dessa premissa. Porém, é necessário lembrar sempre que a empresa precisa estar comprometida com ações que irão nutrir uma cultura inclusiva e ajustar a equidade nos processos. Afinal, o recrutamento é só o começo no processo de inclusão de profissionais, e a melhor forma de cuidar desses processos é partindo da representatividade interna”, explica.

Nesse contexto, as empresas entram como grandes aliadas para gerar mudanças sociais para essa população e demais grupos historicamente oprimidos, e existem práticas afirmativas que podem ser adotadas. “Ações como entrar em contato com a comunidade, entender e desenvolver soluções de aprendizagem, buscar parcerias com instituições já especializadas com o desenvolvimento da população trans e travestis, são alguns passos importantes que as empresas podem adotar na sua rotina”, finaliza Julia.

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