Afrodrag e cantora diaspórica Barbárie Bundi lança dia 13 de junho álbum AQUÁTIKA

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Correnteza. Água atlântica que cura e enfeitiça. Água que é suor, lágrimas, corpo líquido e preenchido por memórias profundas. Esse é um breve resumo poético de AQUÁTIKA, primeiro álbum da afrodrag, cantora e compositora Barbárie Bundi, que traz cinco composições inéditas – Aquátika, Água do Congo, Água – Viva, Pega Eu e Kimbanda -, a ser lançado no próximo dia 13 de junho, em todas as plataformas digitais de música – YouTube, Amazon, Spotify, Deezer, entre outros.

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Com direção artística e musical de Caboclo de Cobre, produção de Marcelo Sant’anna da AquaHertz Beats, AQUÁTIKA é o primeiro mergulho sonoro de Bundi na reflexão sobre afetividade negra, sobre Dengo, palavra de origem kimbudu, que em seu sentido mais profundo e ancestral significa o encontro entre negrxs. “Nessa sociedade racista, o amor está articulado ao mundo branco. Para nós negrxs, ele não funciona. Não é um disco de baladas românticas. É uma afrofabulação, um trabalho de cura, de reconexão ancestral, de kimbandaria, de amor, de encontro. Aquatika é meu corpo abrindo um espaço líquido de memórias.”, reforça a afrodrag, nascida nos bares e esquinas do centro e
periferia soteropolitana.

De acordo com Barbárie Bundi, AQUÁTIKA propõe um encontro consigo, com o outro e “é a minha maneira de falar para todas as bixas pretas que estamos juntas”. “Para nós de candomblé, a água representa cura e eu queria fazer um trabalho que também pudesse ajudar no equilíbrio do Orí/cabeça, por isso emerjo em uma fábula aquática. Apesar de toda violência social que vivenciamos, não queria
que o álbum fosse um trabalho sobre dor, mas que se tornasse um apontamento de caminho, de futuro”.

AQUÁTIKA é um álbum que tem uma linha narrativa que conduz a uma dramaturgia de mergulho, conhecimento, cura, afeto e troca de afetividade entre pretxs, e finaliza com reforçando todo o poder/feitiçaria que a bixa preta carrega nas mãos e no corpo. Após o lançamento do EP, Bundi lançará no instagram (@barbariebundi), nos dias 08, 10, 12 e 14 de junho, vídeos diários a respeito de cada música e trajetória da artista.

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Além dos vídeos, ocorre no dia 28 de junho uma live show desse novo e primeiro trabalho da multiartista, que deve ainda este ano virar uma obra audiovisual. Com músicas autorais e de Caboclo de Cobre, Daniel Arcades, ISSA e participação de Apenas Herverton e Joker Guiguio na percussão, conheça o repertório de AQUÁTIKA a partir de um breve relato sobre cada canção:

– Aquátika: um poema escrito pelo dramaturgo e escritor Daniel Arcades para Barbárie Bundi, que o transformou em canção, que fala sobre a necessidade de emergir, pulmonar para outras correntezas,
menos ansiosas. Ela apresenta o disco e descreve o mergulho profundo feito pela artista para trazer à tona outra perspetiva de podermos nos curar.

– Água do Kongo: um presente do produtor musical, cantor e compositor ISSA. “É uma música que me reconecta com o atlântico. Eu queria muito uma sonoridade que dialogasse com países da África Austral, países como Angola, Congo, Moçambique, Malawi, que trouxesse entre a África contemporânea e o Brasil.

– Água-Viva: canção-oração para as ancestralidades das águas, uma canção aponta um caminho para o entendimento do amor, uma canção-cura que evoca energias de cura pela água, trago as inkises, kimbandas, sereias e yabás, que fortalecem nosso Orí.

– Pega Eu: é uma canção que narra o encontro entre duas pessoas, um encontro místico. É uma história de amor onde tem uma proposta de feitiçaria, de amarração para que o casal fique juntos, mas é uma canção alegre que celebra as magias do amor, o jogo amoroso entre bixas pretas. Canção que traz os
cânticos de caboclo, o sotaque de caboclo, em conexão a narrativa da música.

– Kimbanda: música escrita pelo Caboclo de Cobre, que dirige o álbum. É uma homenagem as bixas pretas, ao mesmo tempo que, é uma canção que aponta um caminho para um próximo disco. Kimbanda era o termo usado pelo colonizador para chamar as bixas que chegavam no Brasil. “É uma canção para todas nós kimbandas contemporâneas que lutamos para avançar em nossas experiências e narrativas. É uma canção celebração!”

Barbárie Bundi e AQUÁTIKA

Afrodrag Kimbanda Diasporika cantora, performer, artista visual, sua pesquisa desenvolve um trabalho a partir das artes pretas da diáspora, aprofundando a possibilidade de outras narrativas que
estabeleçam um discurso afirmativo das corpas pretas LGBTQIA+. Seu trabalho está ligado a obras de cantoras negras africanas e brasileiras, a ritualidade das religiões de matriz africana e a visualidade afrodiasporika pensadas a partir do conceito de Afrofabulação nas expressões artísticas negras contemporâneas.

– Quando a afrodrag Barbárie Bundi inicia sua carreira musical?

Meu trabalho musical iniciou-se no espetáculo cênico-musical Adupé (2013), produzido pelo Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA). Apesar de ainda não assinar como Barbárie, gosto de colocá-lo como esse marco do início, em que pude entender a voz como potência, como trabalho cênico. Era um show lindo com canções de candomblé ketu, seguimos a ordem do xiré, tinha uma banda grande, o tambor era evocado, foi meu encontro com Ricardo Costa e Spike (assinaram a direção musical). Já o show Viúva Negra (2018), dirigido por Filipe Mimoso, foi minha estreia mais autoral, em que trago composições minhas, recebi letras e canções feitas para mim. Viúva Negra era uma grande fabulação sobre o amor preto, meus amores, os amores de muitas que são negadas a essa experiência. Acabo tendo esses dois inícios, mas também tem as experiências com Música de Quinta (A Outra Companhia de Teatro – 2015 a 2019), os shows de verão BATUQUE (2017-18) – no Burlesque Bar Salvador, entre outros. As coisas foram se somando até aqui. AQUÁTIKA traz essas experiências todas, juntas, unidas.

– Como nasce a concepção musical e performativa de Aquatika?

No início de 2020, veio a vontade de registrar alguma dessas experiências musicais. Tinha pensado fortemente em produzir o álbum Viúva Negra, com as canções que criamos em 2018. Mas veio a pandemia e eu precisei adiar. Em março de 2020, por conta do isolamento, eu precisei pensar em outros movimentos e outras experiências. Vieram as lives e as participações em outros projetos de irmãs drags. De uma certa forma tive tempo de voltar a tocar violão, escrever, pesquisar e aí comecei a fazer canções. Quando vi tinha umas 15 músicas – entre presentes, parcerias e coisas criadas no confinamento. Quando mostrei a letra de Pega Eu para o Caboclo de Cobre, em um dia que foi me visitar, e ai ele disse: “Precisamos fazer um álbum”. Fui apresentado ao Marcelo Sant´anna, na Aquahertz, e comecei a produzir. Veio a parceria com Daniel Arcades com a DAN Território de Criação, que é uma produtora de ações artísticas feitas a partir do afeto e território. Eu e Daniel começamos a estruturar o projeto Dengo, que era um projeto para falar do amor preto com um álbum autoral, documentário, podcast, encontros, exposição, um projeto grande, porém com a pandemia precisamos esperar um pouco para realizá-lo. Ao pensar na resposta para essa pergunta foi preciso entender cada ação separadamente, para então desaguar em AQUÁTIKA.

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