O cinema em transformação no Indie Festival

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Completando 18 anos, o INDIE FESTIVAL foi criado em Belo Horizonte, pela produtora cultural  mineira Zeta Filmes, em 2001. Nascido do desejo de levar ao público o cinema de autor, independente, e incentivar a exibição de filmes internacionais que não tinham distribuição no país, o INDIE chegou à São Paulo em 2007, a convite e em uma correalização com o SESC SP.

Nesta 12ª edição paulista, que acontece de 12 a 19 de setembro, no CineSesc, o INDIE apresenta uma nova proposta de formato, novas ideias para um festival de cinema mais ágil, contemporâneo, o que exigiu da curadoria uma precisão para que a seleção repercutisse a produção contemporânea do cinema internacional.

O INDIE 2018 apresenta 14 filmes, de 13 países, selecionados criteriosamente de forma a refletir o que cinema mundial produz nas suas formas artísticas, conceituais, experimentais mais livres, interessantes e radicais. O espaço aberto de um festival de cinema que precisa conectar o espectador a essas produções.

O INDIE 2018 traz entre seus destaques a exibição do filme argentino La Flor, de Mariano Llinás, com seus 808 minutos (quase 14 horas). La Flor, realizado nos últimos 9 anos, apresenta quatro atrizes – Pilar Gamboa, Elisa Carricajo, Laura Paredes e Valeria Correa – interpretando vários personagens, em diferentes histórias e gêneros. Para Llinás a ideia é que “os espectadores acompanhem as carreiras dessas atrizes se desenrolando diante dos seus olhos, como parte do mesmo filme. A ideia é que um filme seja uma série de filmes, uma era na vida de quatro pessoas, e que o cinema seja capaz de mostrar essa passagem do tempo, esse aprendizado, esse processo”. La Flor será exibido em três partes, em dias diferentes.

O diretor filipino Lav Diaz reconhecido pela duração longa de seus filmes, já disse, diversas vezes ao longo dos anos, que não rege suas obras pelo tempo, mas, sim, pelo espaço e pela natureza. Diaz apresenta no INDIE seu último filme, lançado em Berlim, Estação do diabo (230 minutos), uma ópera rock, um musical político, que reflete a ditadura e dos tempos sombrios que vive seu país.

É do jovem escritor e diretor chinês Hu Bo um dos mais importantes filmes do ano: Um elefante sentado quietoHu, que cometeu suicídio em 2017, aos 29 anos, logo após concluir o filme, fez desse seu primeiro e último longa. Um manifesto da sua existência. Um filme colossal e singular, com quase quatro horas de duração, em que Hu nos leva a acompanhar um dia na vida de quatro moradores de uma pequena cidade no norte da China. “As coisas verdadeiramente valiosas estão nas rachaduras do mundo, e não de maneira pessimista”, diz Hu Bo.

O crítico francês Pierre Rissient, falecido um pouco antes do Festival de Cannes, escreve: “Agora, sete meses após o coração de Hu Bo, diretor de Um elefante sentado quieto, parar de bater tragicamente, surge o último filme de Bi Gan, Longa jornada noite adentro. Eu diria que é uma geração da poesia ardente”. Para Rissient, Hu Bo e Bi Gan seriam a oitava geração do cinema chinês. E o jovem diretor chinês Bi Gan, está no INDIE com Longa jornada noite adentro, seu segundo longa, lançado na competição de Cannes 2018. Perfeccionista e meticuloso, Gan fez um romance, noir, sci-fi, de um homem em busca da mulher amada.

O governo chinês, em 2012, perseguiu o diretor Liang Ying e sua família porque queria proibir a exibição internacional do seu filme “When Night Falls”, exibido no INDIE daquele ano, sobre um jovem que mata seis policiais e é condenado à morte pelo governo chinês, que decreta sua senteça sem respeitar as formalidades legais e a luta da sua mãe por justiça (anteriormente, o Indie 2006 também exibiu seu segundo longa “A outra metade”). Liang Ying desde então vive exilado em Hong Kong. Em Locarno 2018, Ying lançou seu primeiro longa em cinco anos, A viagem da família, uma história autobiográfica, sobre uma diretora de cinema chinesa, refugiada, que junto com o marido e o filho, reencontra com a mãe, que não via há anos, em Taiwan numa pretensa viagem de turismo. Liang Ying luta por sua liberdade artística.

O INDIE 2018 apresenta três diretoras que realizaram seu primeiro longa. A alemã Helena Wittmann em À deriva traz uma história de amor, amizade e a distância que os separa permeada de gestos e silêncios, que tem o mar como ator principal. Um dia da diretora húngara Zsófia Szilágyi, Prêmio FIPRESCI na Semana da Crítica de Cannes, retrata a rotina de uma mulher-mãe, o conflito entre trabalho e a dedicação aos três filhos, além da angustia da suspeita do marido estar tendo um caso. Já a diretora polonesa Jagoda Szelc estreia com um filme de gênero: Torre. Um dia brilhante. Prêmio de Melhor Primeiro Filme no Polish Film Festival, o filme é um suspense centrado numa pequena cidade polonesa, onde a família se reúne para uma primeira comunhão.

As estrelas no cinema. Não os atores/estrelas do cinema, mas as estrelas no céu noturno dos filmes, o austríaco Johann Lurf compilou cenas de céus estrelados de 550 filmes em ★ (o diretor quer que o filme seja citado pelo símbolo e não pela palavra Star/estrela). O filme que estreou no Festival de Viena, em 2017, passou também por Sundance, Rotterdam e diversos outros festivais.

Uma câmera estática, um ambiente determinado e o tempo. Dois artistas e diferentes performances. Do célebre diretor americano James Benning, o Indie traz L.Cohen: a visão de um campo agrícola, no Oregon, observando a lua que passa, um pôr do sol e uma canção de Leonard Cohen. Recebeu Grande Prêmio no festival Cinéma du Réel. O diretor catalão Albert Serra volta ao personagem do Rei Luis XIV, do seu filme anterior “A Morte de Luís XIV”, com Rei Sol. Sai Jean-Pierre Léaud e entra o ator Lluís Serrat, um não-ator que já participou de diversos filmes de Serra. Proposto como uma performance, em uma galeria, as mazelas e a morte do rei em tempo real. Recebeu o Grande Prêmio da Competição Internacional no FID Marseille.

O diretor mexicano-suíço Pablo Sigg filma em Nueva Germania, uma colônia ariana fundada pela irmã de Friedrich Nietzsche, localizada no Paraguai, os dois descendentes que sobreviveram e vivem na região.Lamaland é o registro desse mundo isolado, o diretor, quase como mimetizado a aquela rotina solitária, consegue realizar um filme impressionante. Já em Os indesejados da Europa, o diretor italiano Fabrizio Ferraro retrata uma rota de fuga através dos Pirineus que levou antifascistas, estrangeiros e judeus em fuga da França ocupada. O filósofo Walter Benjamin era um deles.

A abertura do INDIE 2018 acontece no CineSesc, dia 12 de setembro, com o filme japonês Asako I & II do diretor Ryusuke Hamaguchi, lançado na competição do Festival de Cannes 2018, é baseado no livro da escritora japonesa Tomoka Shibasaki, que para o diretor lhe atraiu por dois pontos: a estranheza de uma mulher que se apaixona por dois homens com o mesmo rosto e a atenta descrição da vida cotidiana. Ryusuke Hamaguchi dirigiu anteriormente “Happy Hour” filme exibido no Indie, em 2016.

O INDIE 2018 em São Paulo é uma correalização da produtora Zeta Filmes e do SESC SP e conta com o apoio institucional da Fundação Japão.

SERVIÇO

São Paulo: 12 a 19 de setembro
CineSesc
 (273 lugares)
Rua Augusta, 2075 / Cerqueira César
Tel.: 3087.0500 – sescsp.org.br
Ingressos: R$12 (inteira), R$6 (meia), R$3,50 (credencial plena SESC)

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