Afetividades Ordinárias é resultado de um processo de mais de sete anos do fotógrafo e artista João Bertholini, que reúne uma série de retratos de pessoas trans e travestis. A exposição acontece na área central da Oficina Cultural Oswald de Andrade, de 3 de janeiro até 4 de fevereiro de 2022, e é aberta ao público em geral, com entrada gratuita.

São imagens feitas em situações diversas, seja em momentos rápidos na rua, ou de intimidade com pessoas próximas. A exposição tem curadoria da ativista, artista e publicitária Neon Cunha, que também é uma das fotografadas por João, e escreve o texto de abertura. Ao todo, são 31 retratos selecionados, dentro de um acervo de mais de 200 imagens. São cenas cotidianas, demonstrações de afeto e de intimidades trocadas, de ativistas conhecidas a pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade. “Aqui, o corpo não é objeto, a curiosidade não é premissa, e o registro não é factual”, diz João, que tem convicção de que um dos maiores potenciais da fotografia é o da subjetividade. “Ela pode ser direta, descritiva, e um documento do momento presente, mas aqui, ela se constrói no campo da possibilidade, do sonho e da humanidade”, completa.
O trabalho ainda conta com a publicação de zine feito pelo artista, distribuído gratuitamente durante o período que a exposição fica em cartaz. Nele, o artista desenvolve com pinturas, colagens e costuras, a ideia central da exposição: falar sobre a liberdade, e o que isso significa em um mundo como o nosso, já que o Brasil segue tendo o triste título de um dos países mais violentos para a população LGBTQIA+, e país com maior número de assassinatos de pessoas trans e travestis do mundo.
Além do zine, acontece no dia 28 de janeiro uma oficina, ministrada pelo artista, sobre retratos e seu contexto na história e nas artes plásticas, no espaço da Oswald de Andrade. O projeto também conta com vídeo dirigido pela cineasta Day Rodrigues, sobre a relação entre João e Neon no processo de idealização da exposição e seus significados. “Afetividades Ordinárias” foi contemplada em 2019 pelo ProAC – Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, e só agora acontece presencialmente. O projeto já teve versão online, apresentada no início de 2021, por conta da pandemia de Covid-19, e finalmente pode ser feito em espaço físico.
SERVIÇO:
AFETIVIDADES ORDINÁRIAS
Exposição de fotos, publicação de zine e oficina de retrato
De João Bertholini
Curadoria de Neon Cunha
Exposição e distribuição gratuita de zine
3 de janeiro a 4 de fevereiro de 2022
Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo/SP)
De segunda a sexta, das 10h às 21h, e sábados das 11h às 18h.
Entrada Gratuita
Oficina Olhar o Outro – Retrato e Afetividade
28 de Janeiro de 2022
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Sábado, das 14h às 17h
Incrições via link
Artistas do projeto
João Bertholini é jornalista, fotógrafo e artista. Desde 2013, fotografa pessoas LGBTQIA+, em especial pessoas transgêneras. Acompanha, desde 2015, a ativista independente Neon Cunha, produzindo série de retratos para sua biografia. Em 2018, fotografou o cartaz e a produção do curta-metragem Preciso Dizer Que Te Amo, de Ariel Nobre, um alerta sobre o suicídio de pessoas trans; as reportagens “Dois Dias na Terra Prometida”, sobre ocupação na zona rural da cidade de Mauá, liderada por uma mulher trans e outra mulher cisgênera, para a revista Marie Claire; e “Vida Nova Atrás das Grades”, sobre a situação das mulheres trans e travestis encarceradas no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros II, e homens trans que trabalham como agentes penitenciários no Estado, para a revista VejaSP. (Portfólio em www.joaobertholini.com)
Neon Cunha é ativista independente, artista, publicitária e designer. Com 50 anos, presencia as políticas de extermínio de pessoas trans e travestis no centro de São Paulo, desde os anos 1980. Foi a primeira mulher transgênera a discursar na OEA – Organização dos Estados Americanos, onde denunciou a situação de pessoas trans no cárcere.
Ave Terrena é atriz, dramaturga, roteirista e escritora transvestigênera. Ela é a autora da peça “As três Uiaras de SP City”, montada com o grupo Laboratório de Técnica Dramática e inspirada nos relatórios da Comissão da Verdade. Seu livro de poesias, Segunda Queda, foi lançado em maio de 2018 pela Editora Kazuá.
Danna Lisboa é dançarina e cantora trans paulista desde 2015; Entre seus hits mais populares estão ‘Trinks’, seu primeiro single, e Quebradeira, onde faz parceria com a estrela drag Gloria Groove.
Day Rodrigues é cineasta, diretora e escritora. Fez parte da equipe de diretores na série “Quebrando o Tabu” (2017-19), para o canal GNT, e o episóidio de sua direção “Racismo e resistência”, foi premiado na MIPCOM Diversify TV Excellence Awards 2019 (Cannes). Em 2020, produziu “Geni Guimarães”, sobre a autora de “Terceiro Filho” e “A cor da ternura”, premiada pelos Prêmio Jabuti e Adolfo Aisen.
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